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“Lá eu estava onde eu queria, com a galera, e me drogava direto”, diz. Seus pais, Alda e Eli, haviam tentado impor limites para afastá-lo da dependência. Primeiro, conversaram. Depois, proibiram o filho de usar o carro, cortaram a mesada, estabeleceram horário para que ele chegasse em casa. Eles não eram novatos no assunto. Antes de Renan, o caçula da família Larizzatti, outros dois filhos do casal haviam passado por problemas semelhantes. “Com três filhos usando drogas, vi que era o fundo do poço”, diz Alda. O casal decidiu internar o mais novo, então com 22 anos. Antes de ser levado para uma clínica de desintoxicação, Renan fez uma ameaça aos pais: “Quando sair, eu mato vocês”. Três anos e dois meses depois do último contato com as drogas, Renan ajuda a família na casa lotérica que os sustenta. “Hoje, se eu matar meus pais, só se for de amor”, afirma.
Histórias como a dos Larizzattis ocorrem em muitas famílias. Às vezes, porém, o desfecho é trágico. Em 2009, a consultora aposentada Flávia Costa Hahn, de 60 anos, moradora de um bairro nobre de Porto Alegre, matou seu único filho, Tobias Hahn, de 24 anos. O rapaz consumia crack desde os 18 anos. Em abril do ano passado, depois de passar três noites em claro fumando crack, Tobias voltou para casa para pedir dinheiro. Flávia conta que discutiu com o filho, foi agredida e, para tentar se defender, pegou um revólver da coleção de armas do marido. A arma disparou e atingiu Tobias no pescoço. Ele morreu na hora. Em outro caso dramático, o músico Bruno Kligierman, de 26 anos, um jovem de classe média alta morador da Zona Sul do Rio de Janeiro, sufocou até a morte a amiga Bárbara Calazans, de 16. Ele havia consumido crack a noite toda. Seu pai, o poeta Luiz Fernando Prôa, o entregou à polícia.
- Primeiro: a intervençao da família, que não pode se acanhar ante o problema.
- Em seguida, vem o tratamento contra a dependência química, a busca de alternativa à droga - que pode ser pela fé ou um novo propósito de vida - e o apoio da comunitario (da igreja, e dos amigos, dos grupos especializados como o Narcóticos Anônimos) para manter a pessoa longe das drogas.
- "Os Pais devem se relacionar com os filhos, saber o que pensam, como se divertem", diz Cláudia De Oliveira Soares, psicóloga e diretira do grupo Viva.
Para piorar o quadro de desnorteamento pesquisas mostram que que 21,6% das famílias nunca ouviram falar dos Centros De Atenção Psicosocial De Ácool e Drogas (CAPS), o serviço público ao tratamento de úsusarios de álcool e drogas. "São Famílias que lutam há pelos menos cinco anos contra a dependência química e desconhecem o principal serviço público de tratamento."
Relato de Maria Eugênia Lara Silva - Estudante, 31 anos.
"Naqueles momentos de maior vontade de usar a droga, de depressão, o apoio do Narcóticos Anônimos, de pessoas que tinham passado por situações como a que eu vivia, foi fundamental para evitar uma recaida mais grave", diz Maria Eugênia Lara Silva, ex dependente que frequenta semanamente as reuniões do NA.
Antes de encontrar no grupo uma saida para o vício, Maria Eugênia fazia parte de uma estatística que tem crescido em níveis alarmantes no país - e preocupa não so as famílias, ams também as autoridades. Por 12 anos, ela foi viciada em crack, um subproduto mais barato da cocaína cujo efeito destruidor é bem maior. " Foi amor a primeira baforada. Eu fumava e queria mais" diz. Até conseguiur se livrar da droga, viu sua juventude evaporar de trago em trago. Ela largou a escola, brigou com os pais e foi morar com o namorado que a apresentou o crack. "Fumávamos todo o nosso dinheiro, tudo o que tinhamos." Nos anos de consumo irrefreado, Maria Eugênia engravidou três vezes. Morando com os filhos pequenos, consumia crack dentro de casa. Saia de madrugada, às vezes com os filhos, para comprar a droga e matar a vontade de fumar - um efeito incontrolável conhecido na linguagem dos úsuarios como "fissura".
Maria Eugênia Lara Silva
31 anos, Estudante
Etá limpa hà mais de 1 ano
Como largou o vício? Depois de 12 anos de uso irrefreado, foi forçada pelos pais a procurar tratamento.
O que ela diz sobre a droga: "Eu estou de luto porque não posso fumar. Adoro fumar pedra. Mas adoro mais a minha vida".
A droga
Nas Famílias
A pesquisa mais abrangente feita no brasil sobre o impacto da dependência na vida dos parentes entrevistou 500 familiares de dependencia e descobriu que. Veja Abaixo os números da pesquisa.
- 78% das famílias, a descoberta da dependência e do uso é feita por alguém do núcleo familiar (pai, mãe, irmãos)
- 61% dos casos são as mulheres (mães ou esposas) que procuram ajuda.
- 70% dos casos ultrapassou o núcleo familiar de mãe, pai e irmãos e afetou parentes mais distantes, como tios e primos, e pessoas ligadas aos dependentes, como namorados, sogros, cunhados.
- 66% acreditam que a dependência química começou por causa de fatores externos à família, como más companhias e baixa autoestima 36% Baixa Estima, 30% más companhias.
- 61% das famílias não conhecem e nunca ouviram falar do Caps-AD, o centro especializado em tratamento de drogas do ministério Da Saúde.
Na busca de ajuda, familiares atiram para todos os lados e tentam soluções como:
56%Internação
54% Psicólogos
50% Religião
31% Psiquiatras.
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